Resenha: Memórias de uma Gueixa (Arthur Golden)

★ ★ ★ ★ ☆ 
Autor: Arthur Golden
Editora: Arqueiro
Publicação: 1997 (original)

Memórias de uma Gueixa tem um enredo e escrita belíssimos que me encantou profundamente e me fez perguntar “por que não li esse livro antes?” Pois eu tenho ele na minha estante desde 2015, mais ou menos no começo da minha faculdade (risos). Não é a toa que de tão magnífico e espetacular, o livro escrito por Arthur Golden ganhou uma adaptação cinematográfica em 2006, que é tão magnífico e sedutor quanto e ganhou cerca de 29 prêmios pelo mundo—- entre eles 2 Emmys, 2 Oscars e 1 Globo de Ouro.


Enredo

Em Memórias de uma Gueixa, a história é narrada pela própria protagonista desde quando ela era uma menininha chama Sakamoto Chiyo (pra quem não sabe, em algumas regiões do Japão o sobrenome vai antes do nome) que vivia em um vilarejo de pescadores chamada Yoroido, até ser vendida para uma okiya para trabalhar como escrava e só depois se tornar uma gueixa de sucesso em Kioto e se tornar Nitta Sayuri. A história, como já mencionei, é narrada pela Sayuri em que ela relata como é todo o processo em que uma menina nos seus 12 anos de idade morando numa okiya (morada das gueixas) se torna uma gueixa. E tudo é explicado pela própria Sayuri de uma forma simples e até leve. A gueixa descreve como todas as cerimônias acontece, como era seu relacionamento com seus clientes, com a sua “irmã mais velha” Mameha e como se sente sobre eles e em relação a todo.

Logicamente que a história não é apenas “um mar de rosas”, pois Sayuri também relata o quanto ela sofreu dentro da okiya principalmente nas mãos de uma outra gueixa chamada Hatsumomo, que queria fazer a vida de Sayuri um inferno. A protagonista também relata a saudade que sentia da família e de sua irmã mais velha Satsu, que foi separada dela e levada para uma casa de prostituição.

“Embora deva dizer que só depois de viver longo tempo um estado de contentamento pude finalmente olhar para trás e admitir quanto minha vida fora desolada. Estou certa de que de outro modo jamais poderia ter contado minha história. Acho que ninguém pode falar da dor enquanto a ainda a sofre. ”


Minha Opinião

O livro é um daqueles romance de formação, quando você vê os personagens crescendo e se desenvolvendo ao longo dos anos. Uma coisa que me chamou atenção no livro, é que Sayuri não apenas descreve como se tornou uma gueixa, mas também fala como é a vida de uma gueixa. Principalmente em um periodo de meados de 1930-1945, da grande guerra e da Grande Depressão que teve no Japão.

Arthur Golden foi um verdadeiro gênio escrevendo o livro porque muitas vezes você se pega pensando se a gueixa Nitta Sayuri existiu, de tão vívida que parece suas memórias. Um fato que contribui para isso, é que na “Nota do Tradutor” ele conta como foi encontrar Sayuri em Nova Iorque com um gravador e pediu para que ela lhe contasse sobre sua vida. O que passa a impressão de que ela é uma “pessoa real”, porém, é revelado que não é nas Notas de Agradecimento do Autor.

O autor tem uma escrita impecável que faz você querer “engolir” cada capítulo do livro e saber mais sobre Chiyo/Sayuri e saber mais também sobre o que é ser uma gueixa. Ela fala sobre a escola para gueixas, o estudo das artes, as aulas de dança e o instrumento japonês shamisen, como são os quimonos caríssimos (e bem mais refinados do que uma dona de casa rica usa) que as gueixas usam, a cerimônia do chamado mizuage e a importância de ter um danna. E lógico que ela conta tudo isso em forma de narração. Se você já se perguntou sobre ou quer muito saber como é a vida de uma gueixa, eu recomendo muito a leitura deste livro.

O autor faz no livro o que Machado de Assis fez em Memórias Póstumas de Brás Cubas. Se você já leu esse livro sabe que a história é narrada pelo próprio Brás Cubas em seu leito de morte.


Sobre o autor

Arthur Golden é um escritor norte-americano que atualmente está morando em Tóquio no Japão. Formado em Harvard em História da Arte e se especializou em arte japonesa e também fez um mestrado em artes sobre a História Japonesa, o que explica porque o livro Memórias de uma Gueixa é tão rico em detalhes. Golden teve também ajuda de um casal amigo japonês para escrever a história, contando com os detalhes da vida de uma gueixa.

Na época de sua publicação, o livro causou uma certa polêmica pelo fato de um autor homem ter escrito sobre a vida e dia a dia de uma mulher gueixa tão detalhadamente, mas não impediu que o livro tivesse sucesso.

3 comentários sobre “Resenha: Memórias de uma Gueixa (Arthur Golden)

    • literarymundi disse:

      Assim, eu só me lembro de ter assistido o filme uma vez e pelo o que eu me recordo, não vi tanta diferença assim com o livro. A diferença que consigo me lembrar agora é que a Sayuri no filme tem mais essa coisa de querer ser livre, apesar de ser uma gueixa, pra amar quem ela quer. E tem umas brigas e tretas a mais entre ela e a Hatsumomo, mas fora isso, não me lembro de ter uma diferença gritante assim. O livro é muito bom, tipo muito bom mesmo. Apesar de ter sido escrito por um cara americano, parece que ele conseguiu transmitir bem a personagem, a cultura e a época em que a história aconteceu.

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